A gestão do Edifício JK, um dos mais icônicos projetos de Oscar Niemeyer em Belo Horizonte, vive um momento de incerteza administrativa. A síndica Maria Lima das Graças, que ocupa o cargo há quatro décadas, está internada desde o dia 20 de agosto no Hospital Felício Rocho, no Barro Preto, Região Centro-Sul da capital mineira.
Maria completou 78 anos nesta terça-feira (9). O motivo da internação não foi divulgado, e o hospital informou que não passaria detalhes sobre seu estado de saúde a pedido da família. Boatos sobre a morte da síndica circularam nas redes sociais, mas foram negados por pessoas próximas e por fontes ligadas à instituição.
Disputa pela sucessão
Segundo o regimento interno, o substituto imediato em caso de ausência da síndica é o subsíndico. Nas eleições de 2024, que reelegeram Maria, foram escolhidos dois nomes para o cargo: Caio Rômulo Delgado de Lima, irmão da síndica, e Manoel Gonçalves de Freitas Neto, gerente do edifício há 20 anos.
A defesa de Maria sustenta que não há distinção entre os dois subsíndicos eleitos e que a administração deveria estar a cargo de Manoel, e não do irmão da titular. Já moradores relataram que Caio, apesar de ocupar oficialmente o cargo, nunca participou das atividades administrativas do condomínio.
A situação é ainda mais delicada porque o regimento prevê apenas um subsíndico, e a eleição com dois nomes não encontra respaldo legal. A ordem de nomes registrada em ata — que traz Caio primeiro — foi justificada pela defesa como disposição em ordem alfabética, e não como hierarquia de sucessão.
Salário e implicações legais
Durante a ausência da síndica, o substituto recebe o salário previsto para o administrador: cerca de R$ 12 mil, valor correspondente a oito salários mínimos. A definição de quem assumirá oficialmente e como será feita a gestão durante esse período deve ser debatida em reunião do Conselho do Edifício JK.
Ação na Justiça
Paralelamente, Maria Lima das Graças responde a uma ação movida pelo Ministério Público, que apura suposta omissão na administração do condomínio. A primeira audiência está marcada para o dia 7 de outubro.
Impacto para os moradores
Com mais de 1.000 apartamentos e considerado uma cidade verticalizada no coração de Belo Horizonte, o Edifício JK depende de uma gestão sólida para garantir a segurança, a manutenção e a boa convivência de milhares de moradores. O atual impasse aumenta a pressão sobre o condomínio e reforça a necessidade de clareza na definição das regras de sucessão administrativa.
O caso mostra como a gestão de grandes empreendimentos exige não apenas experiência, mas também segurança jurídica e transparência para evitar conflitos que possam afetar diretamente a vida dos condôminos.