O uso de sistemas de reconhecimento facial em condomínios tem se consolidado como uma tendência, principalmente pela praticidade e pelo aumento da sensação de segurança. Essa tecnologia substitui chaves, cartões e senhas por acesso biométrico, reduzindo falhas humanas e facilitando a rotina dos moradores. No entanto, especialistas ressaltam que a ferramenta exige atenção redobrada para não transformar-se em um risco para a coletividade.
Um dos principais pontos de alerta é o chamado “efeito carona”, situação em que um morador, após ter sua entrada liberada pelo reconhecimento facial, é seguido por outra pessoa que aproveita o portão aberto para acessar o condomínio sem identificação. Para o advogado e especialista em direito condominial Sergio Rachkorsky, a prática compromete a segurança de todos:
“Gentileza e segurança não combinam neste caso. O morador deve fechar o portão e permitir que cada indivíduo utilize seu próprio cadastro biométrico”, orienta.
Outro desafio é a proteção dos dados biométricos, considerados sensíveis pela Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). As informações coletadas precisam ser armazenadas de forma segura, com sistemas de criptografia e protocolos de acesso restrito, evitando vazamentos ou usos indevidos. O condomínio, ao adotar o recurso, passa a ter responsabilidade legal pela gestão dessas informações, o que exige a contratação de empresas especializadas e a adoção de medidas técnicas de segurança digital.
Além disso, especialistas reforçam a importância da conscientização dos moradores. Medidas simples, como nunca segurar o portão para terceiros, aguardar o fechamento completo antes de sair ou entrar e respeitar o uso individual da biometria, são fundamentais para que a tecnologia cumpra seu papel de proteção.
Para síndicos e administradores, a implantação deve ser acompanhada de projetos técnicos adequados, treinamento de funcionários e comunicação clara com os condôminos. A tecnologia é uma aliada poderosa, mas depende da combinação entre boas práticas de convivência, conformidade legal e cultura de segurança para funcionar de forma eficaz.