Responsável por “toque de recolher do amor” em condomínio de SC revela que ideia veio de inteligência artificial
Em reviravolta na polêmica que tomou conta das redes sociais, o homem que propôs a regra apelidada de “toque de recolher do amor” em um condomínio de São José, Santa Catarina, admitiu em entrevista ao NSC Total que a norma foi fruto de uma sugestão feita por inteligência artificial. A medida causou estranhamento geral por tentar impor restrições ao direito íntimo dos moradores.
A regra em questão previa que relações sexuais barulhentas estivessem proibidas em condomínios após às 22h, sob pena de multa e de possível exposição em assembleias. A proposta viralizou rapidamente como exemplo de excesso regulatório e debate jurídico sobre limites legais da autonomia condominial.
Em entrevista ao NSC Total, Gustavo Santos confirma que teve a ideia inspirada por sistemas de IA, afirmando que o algoritmo sugeriu restrição de ruídos noturnos — ele transformou essa sugestão em regra interna condominial.
Especialistas ouvidos em reportagens anteriores já haviam alertado que, embora condomínios tenham poder para regular convivência, essa autoridade encontra barreiras constitucionais quando atinge direitos fundamentais como a intimidade e a vida privada. A regra do condomínio ultrapassa ruído aceitável e entra em área de moralismo jurídico e violação potencial de direitos.
Há também questionamentos práticos: quem define se um som é “barulhento” demais? Como provar o desrespeito? O uso de sensores de decibéis e ameaças de exposição em reuniões foram parte da norma proposta — elementos que agravam o risco de abuso.
A polêmica repercute especialmente porque normas internas de condomínio devem estar de acordo com convenções, regulamentos internos e sempre respeitar os direitos legalmente garantidos. Regras impostas unilateralmente ou sem respaldo legal sólido tendem a ser consideradas nulas ou passíveis de ação judicial.
O episódio serve de alerta para síndicos, administradoras e moradores sobre os cuidados necessários ao criar normas de convivência: é preciso haver equilíbrio, respeito à privacidade e respaldo técnico e jurídico.