Em fevereiro, quando visitava o Texas com sua família, o deputado Eduardo Bolsonaro começou a suspeitar que, se retornasse ao Brasil, poderia parar atrás das grades. Em dúvida sobre o que fazer, ligou para o seu pai. Segundo sua própria descrição da conversa, deu-se o seguinte: “Eu falei: ‘Pai, você me garante que eu não vou ser preso? Você não acha que tem 1%, 2%, 3% de chance?”
Jair Bolsonaro, naturalmente, não tinha garantia alguma para oferecer. Eduardo, então, começou a especular sobre o que aconteceria se acabasse preso: “Eu disse: ‘E quem vai me tirar da cadeia? O senhor vai obrigar meus filhos e minha mulher a me visitarem na cadeia? E quando é que eu vou sair de lá?’”
No fim de julho, Eduardo aceitou que o repórter João Batista Jr., da piauí, o acompanhasse durante cinco dias em almoços, eventos e viagens por diferentes cidades americanas. Os dois estiveram juntos em Dallas, Miami e Washington. Em quase todas as conversas que tiveram, Eduardo falou do pai, do ministro Alexandre de Moraes e da “ditadura brasileira”.
Apesar da má repercussão da aplicação de tarifas de 50% contra as exportações brasileiras, ele continua obcecado pela ideia de acionar todas as armas possíveis contra o Brasil, sejam de natureza política ou econômica, custe o que custar.
O deputado afirmou que, naquele telefonema com o pai em março, eles não falaram de dinheiro, apenas do que poderia fazer se continuasse nos Estados Unidos. “A única maneira de destruir o sistema é agindo de fora para dentro. De dentro do Brasil, não tem como”, diz. Naquela altura, já se sabia que, dois meses depois do telefonema, seu pai havia lhe mandado 2 milhões de reais numa única remessa. Em 20 de agosto, porém, veio à tona outro detalhe. Um relatório da Polícia Federal mostrou que Bolsonaro vinha mandando dinheiro ao filho desde o início do ano – em valores fracionados. A PF suspeita que o fracionamento era para ocultar as operações dos órgãos de fiscalização.
A reportagem da edição_228 da piauí revela as figuras da direita que ele vê como privilegiados ou inimigos, os detalhes de sua estratégia para mobilizar os Estados Unidos em medidas contra o Brasil que possam servir de pressão para livrar seu pai da cadeia e seus planos para o caso da missão virar vinagre. Leia a íntegra aqui.