O Prêmio Gabo de Jornalismo 2025 revelou ontem seus vencedores, no teatro Jorge Eliécer Gaitán, em Bogotá, em cinco categorias.
Na reportagem Buscando a Mikelson: un apartheid en el Caribe, da publicação el-salvadorenha Redacción Regional, Juan Martínez D’Aubuisson desvenda a exclusão racial de imigrantes haitianos e de seus descendentes na República Dominicana a partir de um caso de violência policial. O trabalho foi o vencedor na categoria Texto.
A repórter Angélica Santa Cruz, da piauí, participou do evento como finalista da mesma categoria, com a reportagem Soninha: uma biografia, que conta a história de uma mulher com deficiência auditiva adotada na infância e resgatada da casa de um desembargador em meio a suspeitas de trabalho análogo à escravidão (a família conseguiu depois trazê-la de volta). Outro texto publicado pela piauí havia sido indicado: Triste Bahia, de Marcelo Canellas, acerca da violência policial no Estado.
Na categoria Cobertura, venceu Rio Bravo, el caudal de los mil migrantes muertos (Rio Bravo, o rio dos mil imigrantes mortos), sobre os riscos à vida trazidos pelas políticas anti-imigração dos Estados Unidos na fronteira com o México. A reportagem liderada por Miriam Ramirez foi publicada no jornal mexicano El Universal, em parceria com o americano The Washington Post e o consórcio de jornalistas Lighthouse Reports.
O jornalista Breno Pires, da piauí, foi indicado nessa categoria, com a reportagem O Sequestrador, que apresenta uma história exemplar de como o ex-presidente da Câmara Arthur Lira capturou o orçamento secreto em seu favor.
Em Áudio, Bryan Avelar e Fernanda Estrada levaram o prêmio pelo podcast Humo: murder and silence in El Salvador (Humo: assassinato e silêncio em El Salvador), da revista Factum e da produtora Sonoro. A história começa com a investigação sobre um serial killer, mas culmina com a revelação de violações de direitos humanos.
Fabien Pisani, Clementina Mantellini, Claudia Calviño, Juan Carlos Alom, Luciano Blotta, Javier Labrador e Raymel Casamayor venceram em Imagem com o documentário En la caliente – Historias de un guerrero del reguetón (A quente – histórias de um guerreiro do reggaeton), sobre o músico cubano Candyman, uma coprodução cubana e americana realizada por The Cuban Joint, Zafra Media, Cacha Films e Caffeine Post.
A colombiana Fernanda Pineda foi a escolhida na categoria Fotografia com um ensaio sobre o impacto de uma linha férrea que transporta carvão e atravessa as terras do povo indígena wayúu, publicado na Baudó Agencia Publica.
Cada um dos trabalhos premiados receberá 35 milhões de pesos colombianos (cerca de 47 mil reais). O troféu é entregue pela Fundação Gabo, fundada há trinta anos pelo escritor Gabriel García Márquez (1927-2014), que incentiva a atividade iberoamericana na educação cidadã, na promoção cultural e na excelência jornalística.
A noite teve também homenageados pelo conjunto do trabalho, o Reconhecimento da Excelência. A brasileira Patrícia Campos Mello, repórter especial do jornal Folha de S.Paulo, ficou com um dos três prêmios, pela “cobertura incisiva e corajosa da desinformação” e outros temas cruciais no Brasil. Também receberam essa homenagem a argentina Laura Zommer, uma pioneira na verificação de fatos, e os jornalistas do Armando.info, veículo que publica histórias investigativas sobre a Venezuela. Entre seus representantes presentes, estava o fundador Joseph Poliszuk, que participou do Festival piauí de Jornalismo em 2023, em São Paulo.