Texto originalmente publicado em edição especial de agosto de 2014
Ensinar ciência onde não há tradição enraizada de pesquisa é difícil. Os quatro senhores que aparecem aqui julgaram que valia a tentativa. Exímios matemáticos com perspectivas sólidas de carreira fora do país, onde lecionavam ou vinham de se formar, cada um, a seu tempo, decidiu voltar para o Brasil. Pertencem ao período heróico do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa), quando tudo ainda estava por fazer. Em 1971, ajudaram a organizar um congresso internacional de matemática que reuniu alguns dos mais destacados cientistas do mundo. Era o início da decolagem.
“Ensinar na França ou nos Estados Unidos não é o mesmo que ensinar no Brasil. Aqui você está desbravando. Lá, está contribuindo para solidificar o que já está pronto. Com
ou sem você, o mundo segue do mesmo jeito”, diz Lima. Pode-se dizer que, por causa deles, o mundo não seguiu do mesmo jeito. Juntos, os quatro formaram 74 doutores, que, por sua vez, formaram outros 207.
Na foto acima, da esquerda para a direita:
Maurício Peixoto (1921-2019), cearense, dinamicista, é um dos
fundadores do Impa.
Manfredo do Carmo (1928-2018), alagoano, é o pai da geometria diferencial no Brasil.
Elon Lages Lima (1929-2017), alagoano, topólogo, publicou mais de vinte e cinco livros sobre matemática, seis dos quais destinados à formação de professores do ensino médio.
Jacob Palis, mineiro, dinamicista, levou o Impa a ser reconhecido como centro de excelência mundial em certos campos da matemática. Ele morreu aos 85 anos nesta quarta-feira, 7 de maio de 2025, no Rio de Janeiro.
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