Moradores temem rachaduras e condomínio de Americana processa construtora MRV Engenharia
O Residencial Parque Áustria, localizado no Jardim Bertoni, em Americana (SP), enfrenta uma situação preocupante desde que rachaduras começaram a surgir nos blocos do condomínio há cerca de quatro anos. A inquietação dos moradores cresceu com o avanço das fissuras, levando o condomínio a ingressar com uma ação judicial contra a construtora responsável pela obra, a MRV Engenharia.
Segundo relatos obtidos pelo LIBERAL, a aparição das rachaduras gerou apreensão entre os residentes, que têm acompanhado o problema crescer sem uma solução definitiva.
“O síndico nos disse que existe um processo contra a MRV, mas o condomínio está aguardando o resultado. Enquanto isso, as rachaduras continuam aumentando. A administração precisa tomar providências, porque está todo mundo preocupado”, afirmou um morador que preferiu não se identificar.
Além dos danos visíveis, a deterioração já afetou até revestimentos internos, como azulejos, que chegaram a cair de algumas unidades. A Defesa Civil de Americana realizou uma vistoria nos blocos e determinou que engenheiros do condomínio e da construtora elaborem laudos técnicos para avaliação detalhada, em uma nova visita marcada para a semana seguinte.
Em nota, a MRV confirmou que tem ciência das rachaduras, mas afirmou que, até o momento, não há laudo técnico — incluindo o da Defesa Civil — que aponte risco estrutural. A construtora informou ainda que enviará equipe técnica para acompanhar os trabalhos.
O processo judicial foi iniciado em 2022, tramita na 4ª Vara Cível de Americana, e aguarda a análise de um perito judicial que elaborará um laudo com base nos danos constatados. Este documento será fundamental para a decisão da Justiça sobre a responsabilidade da construtora.
A advogada do condomínio, Hérica Patricia Barbosa, explicou que o empreendimento foi entregue em 2018 e que, conforme o Código Civil, há garantia de cinco anos para problemas aparentes e de 20 anos para defeitos ocultos. Durante o período inicial da garantia, a MRV atendeu a algumas solicitações de manutenção, mas os serviços foram interrompidos durante a pandemia de Covid-19 e não foram retomados posteriormente.
Para assegurar a segurança dos moradores, o condomínio contratou um engenheiro civil para gerenciar as demandas técnicas e elaborar os laudos necessários. A principal hipótese levantada é a deficiência na compactação do solo durante a construção, o que teria causado movimentações nos blocos e resultado nas rachaduras.
João Miletta, diretor da Defesa Civil de Americana, ressaltou que a situação não justifica interdição no momento, mas reforçou a necessidade de análises contínuas e intervenções planejadas. Ele destacou que a autarquia atua para garantir a segurança da população e acompanha de perto o andamento das perícias.
Diante da complexidade do caso, a administração do Residencial Parque Áustria orienta os moradores a manterem a calma, reforça que o caixa do condomínio está saudável para custear as obras necessárias e aguarda a decisão judicial para definir as próximas etapas.
O episódio evidencia a importância da manutenção predial, do acompanhamento técnico rigoroso e da atuação judicial para garantir a qualidade e segurança das construções residenciais, protegendo os direitos dos moradores.