Justiça autoriza nova proprietária a tomar posse do Edifício Holiday, no Recife, com apoio policial e medidas de segurança
Um dos prédios mais emblemáticos e controversos da capital pernambucana entrou oficialmente em uma nova fase. Após anos de disputas judiciais e abandono, a Justiça de Pernambuco autorizou, nesta semana, que a empresa DG IV Ltda., vencedora do leilão judicial realizado em julho, tome posse definitiva do Edifício Holiday, localizado no bairro de Boa Viagem.
A decisão judicial não apenas confirma a arrematação, mas também concede apoio de força policial para a execução da posse, visando prevenir conflitos e remover eventuais ocupantes irregulares. O despacho permite ainda que a nova proprietária cercar o imóvel e contratar vigilância privada para resguardar a estrutura, atualmente em condições precárias e considerada de risco.
Disputa encerrada
O magistrado responsável rejeitou todos os recursos que tentavam barrar a transação, incluindo os embargos apresentados por um morador vizinho, cuja legitimidade para contestar o leilão foi descartada. Outro questionamento, sobre a capacidade financeira da DG IV Ltda., também foi rejeitado, já que a empresa comprovou ter pago mais de R$ 11 milhões referentes à arrematação.
Isenção de IPTU para antigos condôminos
Atendendo a pedido da Defensoria Pública, a decisão também determinou que os antigos proprietários das unidades não serão obrigados a pagar o IPTU desde março de 2019, quando o prédio foi desocupado por determinação da Defesa Civil devido aos riscos estruturais e de segurança.
Símbolo de decadência e disputa
Inaugurado nos anos 1950 como um ícone da arquitetura modernista e símbolo do boom imobiliário de Boa Viagem, o Edifício Holiday chegou a abrigar mais de 400 apartamentos. No entanto, problemas crônicos de manutenção, acúmulo de dívidas e ocupações irregulares levaram ao seu esvaziamento e à interdição definitiva em 2019. Desde então, o prédio tornou-se alvo de invasões, furtos e depredações.
Próximos passos
Com a posse assegurada, a DG IV Ltda. deve iniciar um plano de segurança emergencial para impedir novas invasões. Ainda não há definição oficial sobre o destino do imóvel, mas a expectativa é de que sejam feitos estudos técnicos para avaliar a viabilidade de restauração, reconversão ou eventual demolição parcial, levando em conta que parte da estrutura é considerada de valor arquitetônico.
Impacto para a vizinhança
Moradores e comerciantes da região veem a decisão como um alívio.
“É um ponto crítico aqui no bairro. Tomara que finalmente a situação se resolva e o prédio volte a ter função”, comentou Maria de Lourdes, comerciante da área.
Já especialistas alertam para a importância de garantir que qualquer intervenção preserve a memória histórica do edifício, ao mesmo tempo em que devolva segurança ao entorno.