O mercado imobiliário brasileiro avança em um novo nicho de luxo: os chamados senior living, empreendimentos residenciais voltados para pessoas acima de 60 anos que buscam qualidade de vida, segurança e autonomia. Construtoras em São Paulo e Curitiba já lançaram projetos que unem moradia de alto padrão, assistência médica 24 horas e serviços personalizados, como cuidadores, motoristas e atividades de lazer.
Em São Paulo, a Naara, fundada por Joseph Nigri, herdeiro da construtora Tecnisa, inicia ainda este ano a construção de um edifício na Alameda Barros, região de Higienópolis. O projeto prevê 68 unidades de até 145 m², com valores que podem chegar a R$ 4 milhões e condomínio estimado em R$ 6 mil. Além da estrutura de saúde emergencial, os moradores terão acesso a atividades como pilates e hidroginástica, contratadas no modelo pay per use.
Outro destaque é a Vitacon, incorporadora conhecida pelos estúdios compactos, que também aposta no conceito. Ainda em Higienópolis, a empresa planeja erguer um prédio de 300 unidades, entre 30 m² e 80 m², equipado com central de emergências médicas, elevadores adaptados para macas, corredores amplos e serviços sob demanda, como fisioterapia, cuidadores e manicure. O metro quadrado deve girar em torno de R$ 30 mil.
Em Curitiba, a construtora Laguna lançou o senior living no bairro Alto da Glória, com 108 apartamentos de 42 m² a 83 m², já com 90% das unidades vendidas. A previsão de entrega é para 2026. O condomínio contará com botão de emergência nas unidades, fechaduras eletrônicas e atendimento médico 24h incluso. O valor do metro quadrado é de R$ 22 mil, com taxa condominial a partir de R$ 1.500 — mais acessível que os projetos paulistanos.
O engenheiro Jorge Heller, de 61 anos, foi um dos primeiros compradores. Ele adquiriu uma unidade para sua mãe, a artista plástica Haydee Heller, de 82 anos, que buscava manter a independência e a vida social ativa, sem abrir mão da segurança.
“Ela não queria ir para um asilo. Com o novo apartamento, poderá continuar dirigindo, praticando pilates e mantendo a rotina cultural”, afirma.
Segundo especialistas, o modelo ainda está em fase inicial no Brasil, restrito à alta renda, mas deve se expandir gradualmente.
“É um produto de nicho, que começa pelas grandes capitais e tende a se popularizar à medida que novos empreendimentos forem lançados e os custos diminuírem”, explica Fábio Tadeu Araújo, CEO da Brain Inteligência Estratégica.
O senior living chega ao país como alternativa às tradicionais casas de repouso, unindo infraestrutura moderna, assistência de saúde contínua e atividades que estimulam o envelhecimento ativo. Para o mercado imobiliário, representa um segmento promissor e em crescimento, impulsionado pelo envelhecimento da população brasileira e pela busca por soluções que unam conforto, segurança e bem-estar.
