Condomínio Ignêz Andreazza: viver em um complexo maior que 27 cidades de Pernambuco
O maior condomínio da América Latina abriga mais de 11 mil moradores e já enfrentou crises de segurança e abandono. Sob nova gestão desde 2016, hoje conta com infraestrutura, serviços e modelo de gestão bem-sucedido.
Uma “minicidade” planejada para morar
Inaugurado em 1983 no bairro de Areias, o Conjunto Residencial Ignêz Andreazza ocupa cerca de 30 hectares, com 176 prédios distribuídos em 23 blocos e 2.464 apartamentos. Com mais de 11 mil moradores, sua população supera a de 27 municípios pernambucanos, como Moreilândia, Tuparetama e até Fernando de Noronha.
Projetado pelo arquiteto Acácio Gil Borsoi com recursos do SFH e executado pela CEHAB, o Ignêz foi idealizado para oferecer à classe média recifense uma alternativa de moradia com infraestrutura urbana integrada.
Dentro do complexo, há Escola Estadual Senador Nilo Coelho, parque infantil, quadras, campo de futebol, academia com horário estendido (5h às 22h), conveniência, lavanderia 24h e logística própria de correspondência, entre outros serviços.
Queda e recuperação: segurança como prioridade
Nos anos 2000, o condomínio enfrentou forte deterioração: tráfico de drogas, furtos, desmanches de veículos e até homicídio dentro dos blocos. Em 2015, o assassinato de um comerciante chocou a comunidade e reforçou o colapso da segurança interna.
Com a nova administração a partir de 2016, implantou-se uma política rigorosa: combate ao tráfico, controle de invasões e extinção de crimininos dentro dos espaços internos. A inadimplência, que antes chegava a 52%, caiu para cerca de 15%‑20%, e o perfil dos débitos mudou: saíram dos casos antigos e passaram a ser atrasos recentes e regularizados rapidamente.
Hoje, a segurança é reforçada com portaria 24 horas, motopatrulhamento interno, vigilância e controle de acesso, além de diálogo com lideranças das comunidades vizinhas para evitar conflitos sociais.
👥 Vida condominial: de conflitos à valorização
Moradores antigos, como Joseildo Barbosa (71 anos), destacam a mudança: depois de anos de insegurança, hoje se sente seguro com a infraestrutura e manutenção adequadas, como zeladores, manutenção contínua e academia acessível.
Já moradores mais recentes, como Antônio de Lima (68 anos), reconhecem os avanços, mas relatam que ainda persistem situações de insegurança e preocupação, especialmente com comunidades internalizadas sem controle rigoroso de acesso.
A gestão valoriza os 120 funcionários, com salários em dia, benefícios trabalhistas, plano de saúde, cesta básica e benefício de transporte. Esse investimento humano sustenta a continuidade das melhorias.
⚙️ Infraestrutura revitalizada e serviços de padrão urbano
Desde 2016 houve uma reestruturação completa das áreas comuns: pavimentação, iluminação eficiente, revitalização de praças, quadras esportivas ativos, academia funcional e espaços para lazer animal são destaques da modernização.
Um sistema de entrega de correspondências e encomendas funciona como um “mini-correio digital”, com notificações e distribuição interna, reduzindo extravios e facilitando a rotina dos moradores.
Comunidade, governança e sustentabilidade urbana
A atual gestão implementou a aplicação efetiva do regimento interno de 1984, com multas rigorosas para infrações e fiscalização ativa — algo antes ignorado. Isso ajudou a reverter um cenário de caos e desvinculação dos condôminos com o coletivo.
Em termos de sustentabilidade social, o diálogo com as vizinhanças das comunidades vulneráveis foi fundamental: embora não seja clausurado, o acesso externo é monitorado, e a política é de permitir circulação com controle — por exemplo, para acesso a serviços públicos como UPA ou hospital.
A magnitude de um condomínio que funciona como cidade
Com seus mais de 11 mil moradores, o Ignêz Andreazza funciona como uma minicidade estruturada, onde convivem elementos típicos de urbanismo: atendimento de emergência, escola, clube, serviços essenciais e logística condominial integrada.
Essa escala impõe desafios de engenharia urbana, gestão condominial e relacionamento comunitário — questões que exigem profissionalização, visão estratégica, governança participativa e transparência na administração.
O caso do Condomínio Ignêz Andreazza demonstra que, com gestão assertiva, valorização humana e estrutura sólida, é possível transformar um espaço marcado por abandono em referência de vida urbana coletiva, segurança e sustentabilidade.