Chuva de entulho e barulho fora da lei incomodam vizinhos de obra no Hotel Glória

Obra no Hotel Glória causa transtornos e indignação entre vizinhos

A histórica transformação do icônico Hotel Glória, localizado no bairro da Glória, zona sul do Rio de Janeiro, está longe de ser sinônimo de tranquilidade para quem vive nos arredores. Enquanto a promessa é de um condomínio de luxo com apartamentos de até R$ 6 milhões e previsão de entrega para 2026, vizinhos denunciam uma série de irregularidades e transtornos causados pela execução da obra.

Barulhos acima dos limites permitidos, queda de entulho nas calçadas, trânsito de caminhões na contramão e até um acidente com cimento atingindo um menino que voltava da escola compõem um cenário de caos urbano relatado pelos moradores da região.


Morador da Rua do Russel desde a infância, o programador Theo Novaes, de 29 anos, relata que parte do prédio sequer possui proteção adequada para conter os resíduos da obra. “Chove entulho na calçada”, afirma. Segundo ele, o problema é recorrente desde a fase de demolição e persiste mesmo após avanços na construção.

“O para-brisas de um carro já foi atingido por pedaços que caíram do prédio. Meu maior susto foi quando um menino acabou coberto de cimento molhado. A obra ignora completamente a lei”, denuncia.

Além do perigo, Theo convive diariamente com o barulho fora do horário permitido.

“Trabalho para uma empresa da Nova Zelândia e dependo de silêncio para descansar. Mas a obra começa antes das 8h e isso se repete quase todos os dias”, explica.

Na tentativa de solucionar a questão, o morador acionou a polícia, que interveio pontualmente, mas sem mudanças duradouras.


Outro fator de preocupação é a poeira. Asmático, Theo relata impacto direto na saúde.

“O chão da minha varanda vive cinza. E esse mesmo pó que entra na minha casa também entra nos meus pulmões”, lamenta.

A mãe de Theo, Juliana Novaes, moradora da Ladeira de Nossa Senhora, reforça os problemas, destacando desordem urbana nas ruas próximas ao canteiro.

“Transformaram a rua em um canteiro de obras. Caminhões na contramão, caçambas sobre as calçadas, fiação e tubulações danificadas. Já ficamos até cinco dias sem luz”, denuncia.

Ela afirma que tentou contato com a SIG Engenharia, responsável pela obra, mas não obteve soluções. “As respostas são sempre evasivas e nenhuma medida é efetiva”, reclama.

Obras também incomodam vizinhos de hospital

Além da obra do Glória Residencial, reformas no Hospital Glória D’Or também estão gerando reclamações. A menos de 800 metros dali, o psicólogo Felipe Carvalho relata impactos em seus atendimentos realizados de casa.

“Fui obrigado a instalar janelas antirruído. Mesmo aos domingos, a obra extrapola os limites legais”, diz.

A consultora Tai Barroso, que também trabalha de casa, relata efeitos psicológicos.

“Comecei a ter crises de ansiedade. Acordo já nervosa, me sentindo injustiçada”, desabafa.

O que diz a lei

Segundo a legislação municipal, o uso de maquinário ruidoso em obras só é permitido entre 10h e 17h nos dias úteis. Casos de perturbação devem ser registrados via Central 1746. A fiscalização é responsabilidade da Guarda Municipal, enquanto a Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Licenciamento já notificou os responsáveis para que cumpram as normas.

Posicionamento da SIG Engenharia

Em nota, a SIG Engenharia destacou o compromisso com o diálogo e ressaltou os benefícios da obra para o bairro:


“Sabemos que toda obra possui características inerentes a ela, que podem causar situações que alteram a rotina da vizinhança. Porém, há geração de emprego, valorização imobiliária e revitalização da área. As melhorias já podem ser vistas nas calçadas, postes históricos e praça do entorno”, afirma o texto.


Nota da Rede D’Or

A Rede D’Or informou que cumpre todas as exigências legais e que recente fiscalização não encontrou irregularidades. “O hospital trabalha para minimizar os impactos e a obra representa investimento em saúde de qualidade para a cidade”, afirmou em nota.

O caso revela os desafios de conciliar progresso urbano com qualidade de vida dos moradores, destacando a necessidade de fiscalização rigorosa e respeito às normas durante grandes obras em áreas residenciais.


Piauí Folha

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