O jornalista português João Paulo Diniz, de 25 anos, tinha uma missão histórica na noite de 24 de abril de 1974, quando entrou no estúdio em Lisboa para apresentar o programa Quatro Tempos. Ele deveria colocar no ar a canção E depois do adeus, anunciando assim a primeira senha secreta que daria início em Portugal à derrubada de uma ditadura de 48 anos, a mais longa na Europa durante o século XX.
A incumbência de Diniz lhe foi transmitida pelo coronel Otelo Saraiva de Carvalho, que tinha sido o seu comandante na Guiné-Bissau e se tornaria um dos líderes mais importantes do movimento que derrubou o regime. Ele queria que Diniz tocasse no programa de rádio a canção Grândola, vila morena, de Zeca Afonso. O jornalista argumentou que Afonso já havia sido preso, tinha muitas canções censuradas e iria chamar a atenção dos censores. Diniz sugeriu E depois do adeus, cantada por Paulo de Carvalho. Ficou combinado também o horário exato da transmissão: 23h55 do dia 24 de abril.
A locução de Diniz durou exatos 8 segundos – e assim começou a sublevação dos militares nos quartéis da capital. Entrara em curso a revolução que logo obteria a rendição de Marcello Caetano, sucessor do ditador António Salazar. Foi um movimento marcado pela música – antes, durante e depois, como mostra a reportagem de Simone Duarte, na edição deste mês da piauí.
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