Eduardo Bolsonaro viajou para os Estados Unidos no período do Carnaval, em fevereiro, e decidiu ficar por lá de vez. Ele tinha receio de que, se voltasse, o seu passaporte seria apreendido e, então, não poderia dar sequência à cruzada que contribuiu para a aplicação da Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes e ajudou a embasar o tarifaço de 50% anunciado por Donald Trump.
Na prática, o deputado federal começou a preparar sua saída do Brasil antes de fevereiro. “A mudança para cá foi calculada”, disse ao repórter João Batista Jr., que o acompanhou durante cinco dias em viagem por Dallas, Miami e Washington (a reportagem completa pode ser lida aqui). “Eu estudo os movimentos do meu inimigo. Sabia que o Moraes iria bloquear as minhas contas no Brasil. Então eu trouxe tudo o que eu tinha para cá. No Brasil, não tenho nada.” Em 2022, ele declarou à Justiça Eleitoral bens no valor de 1,7 milhão de reais, sendo 600 mil em conta-corrente. Seu patrimônio total é desconhecido, mas há sinais de que segue crescendo.
Elaborado a pedido da Polícia Federal, um relatório do Coaf, órgão que trata de prevenir operações financeiras ilegais, mostrou que, apenas entre setembro de 2023 e junho de 2024, Eduardo recebeu 4,16 milhões de reais. Transferiu quase tudo, 4,14 milhões, e reteve apenas 200 mil reais. O grosso do dinheiro veio do bolso do pai, mas Eduardo ampliou suas fontes de receita ao fundar a Eduardo B Cursos em sociedade com Heloísa, sua mulher.
A empresa vendeu cursos a 197 reais por cabeça, inspirados em Olavo de Carvalho, com o propósito de formar “uma direita preparada para enfrentar as mentiras da esquerda”. No ano passado, criou outra fonte de receita para livrar o país “das garras da esquerda” e faturar uma grana: um curso para candidatos municipais, no valor de 1 mil reais por aluno. O mesmo relatório do Coaf aponta que os cursos renderam 683 mil reais. A empresa do casal também faz marketing, produção audiovisual e edição de livros. Outra empresa, a Bolsonaro Store, vende canecas de chope, camisas com o rosto do pai, bonés, calendários, tudo destacando o sobrenome da família. O próprio Jair Bolsonaro tem uma empresa de badulaques, a Jambol Promoção de Vendas Ltda.
Quando estava no Brasil, Eduardo também faturava com palestras, a um cachê de 40 mil reais. A partir dos Estados Unidos, ele não pode trabalhar, mas pode ter renda passiva. Ou seja, receber doações. “Tem pessoas que me ajudam, mas não sou obrigado a falar disso. Não é dinheiro público.”
A reportagem da edição_228 da piauí revela as figuras da direita que ele vê como privilegiados ou inimigos, os detalhes de sua estratégia para mobilizar os Estados Unidos em medidas contra o Brasil que possam servir de pressão para livrar seu pai da cadeia e seus planos para o caso da missão virar vinagre.