Condomínios em SP enfrentam desafios de convivência com crianças em áreas comuns
A presença de crianças em condomínios é motivo de alegria para muitos moradores, mas também traz à tona dilemas relacionados à convivência, segurança e regras de uso das áreas comuns. Em São Paulo, especialistas destacam que a falta de regulamentação clara e a ausência de diálogo entre famílias e gestão condominial podem gerar conflitos recorrentes.
De acordo com o advogado e especialista em condomínios Márcio Rachkorsky, os principais desafios decorrem do espaço limitado dos apartamentos.
“Os apartamentos são pequenos, e as crianças precisam de espaço para brincar. As áreas comuns, como corredores e parquinhos, tornam-se essenciais para que elas possam liberar energia. No entanto, isso pode gerar barulho e desconforto para outros moradores, especialmente quando não há regras claras de convivência”, explica.
A segurança é outro ponto de preocupação. Rachkorsky reforça que os pais devem orientar os filhos sobre comportamento adequado em áreas comuns e lembra que existem restrições de uso em algumas situações.
“Além disso, o condomínio deve ter regras claras sobre o uso de elevadores e áreas comuns. Em São Paulo, por exemplo, crianças abaixo de 10 anos não devem andar sozinhas no elevador”, afirma.
O barulho das brincadeiras, inevitável na rotina infantil, precisa ser equilibrado com o direito ao sossego dos vizinhos.
“É importante estabelecer horários para brincadeiras mais barulhentas. Durante a semana, o ideal é que o barulho seja evitado após as 20h; aos finais de semana, até as 22h é aceitável”, orienta o especialista.
Outro desafio é o bullying, prática que também pode se manifestar no ambiente condominial.
“O bullying deve ser tratado com seriedade. É importante que os pais orientem seus filhos a denunciar qualquer situação de bullying”, alerta Rachkorsky.
Ele sugere ainda que os condomínios promovam encontros com psicólogos ou assistentes sociais para orientar as famílias e mediar conflitos.
Para melhorar a convivência, algumas iniciativas podem ser aplicadas de forma criativa. Entre elas, a eleição de um “síndico-mirim”, a criação de grupos de pais para troca de experiências, a elaboração de cartilhas educativas e até a transformação de áreas inutilizadas em brinquedotecas ou espaços de lazer para crianças.
Quando as regras são desrespeitadas e o barulho ultrapassa os horários permitidos, o caminho é registrar as ocorrências.
“É importante registrar as ocorrências, com gravações ou anotações, e comunicar o síndico. O síndico pode mediar a situação, orientando os pais e, se necessário, aplicando multas conforme o regulamento do condomínio”, reforça o advogado.
A conciliação entre o direito das crianças de brincar e o direito ao sossego dos moradores exige equilíbrio e diálogo. Segundo especialistas, os condomínios que conseguem implantar regras claras, mediadas com empatia e participação dos pais, alcançam maior harmonia e reduzem os conflitos internos.