Moradores dos “trigêmeos” do Flamengo enfrentam despejo após leilão da Santa Casa
Um impasse entre moradores dos edifícios Anchieta, Barth e Nóbrega—conhecidos como os “trigêmeos” na Praia do Flamengo—e a Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro coloca cerca de 70 famílias em risco de despejo. Os prédios, erguidos nos anos 1940 em estilo art déco, foram leiloados judicialmente em 2024 por cerca de R$ 75 milhões a um fundo imobiliário e à Performance Empreendimentos, para saldar dívida trabalhista da instituição.
Os moradores asseguram que adquiriram a posse de boa-fé entre 2022 e 2023, por meio de contratos particulares de cessão, muitos registrados em cartório, e que investiram na reforma dos apartamentos, além de quitarem condomínio. A Santa Casa, entretanto, nega ter autorizado qualquer transação e classifica os ocupantes como invasores. A entidade justifica o leilão como “sacrifício necessário” para reduzir o passivo trabalhista, que gira em torno de R$ 150 milhões.
Em setembro de 2024, a 11ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ) rejeitou recurso da Santa Casa para reconhecer os moradores como possuidores legítimos cbn. Atualmente, o caso está em Brasília: o STJ questiona a competência da Justiça do Trabalho para conduzir os despejos e o STF analisa se a medida fere o direito constitucional à moradia.
Os despejos começaram em março de 2025, com apoio policial e oficiais de Justiça. Um acordo provisório estabeleceu pagamento mensal de R$ 2,7 mil — valor que inclui aluguel e condomínio — até 17 de setembro de 2025, data limite para desocupação. Dos 174 apartamentos, cerca de 70 seguem habitados.
A Performance Empreendimentos informa que ainda estuda o projeto para o local, enquanto o BTG (fundo comprador) não se manifestou.