Moradores de um condomínio em Natal denunciaram viver sob constante terror psicológico causado por um vizinho de 49 anos, preso na última quinta-feira (14) pela Polícia Civil por ataques motivados por homofobia. A prisão preventiva e mandados de busca e apreensão foram expedidos após anos de denúncias de ameaças, perseguições e agressões.
Uma das vítimas, educadora física e técnica em enfermagem de 59 anos, relatou que os ataques se prolongaram por quatro anos. Segundo ela, o vizinho proferia xingamentos como “sapatão vai morrer”, fazia gestos obscenos e chegou a agredi-la fisicamente na grade do prédio. Na garagem, circulava de moto tentando atingi-la e intimidá-la.
O episódio mais grave ocorreu em junho, quando o homem lançou bombas caseiras na garagem e no jardim do condomínio. “A última vez foi muito grave. Ele jogou uma bomba pela manhã e outra à noite. Eu temia pela minha vida e pela da minha companheira”, declarou a vítima, que chegou a necessitar de medicação para lidar com o impacto psicológico.
Outro morador, o advogado Raimundo Oliveira, também relatou ofensas homofóbicas e de intolerância religiosa. “Ele nos chamava de viado, seboso, macumbeiro. Avançou com a moto contra mim e meu namorado, além de usar explosivos para nos intimidar. Era uma rotina de terror”, afirmou.
De acordo com a Polícia Civil, o suspeito praticava crimes de homofobia, injúria qualificada, ameaça e perseguição reiterada. A delegada responsável, Paola Maués, destacou que o homem já tinha histórico de violência contra vizinhos, incluindo inquéritos por violência doméstica e perseguição ao síndico do condomínio em razão da orientação sexual.
“Ele responderá por discriminação e injúria qualificada, perseguição e ameaças. Os crimes de preconceito podem resultar em penas de dois a cinco anos, que serão somadas devido à gravidade do contexto”, explicou a delegada.
A prisão do suspeito representa alívio para os moradores, que afirmam que não podiam viver em paz dentro do próprio condomínio. O caso evidencia a gravidade da homofobia como crime e reforça a importância de medidas firmes para proteger a integridade física e psicológica das vítimas em ambientes condominiais.