Síndica Profissional que teve saída festejada com fogos em Paulista agora tem despedida com champanhe em condomínio de Jaboatão (PE)

Moradores comemoram com champanhe retirada da mesma síndica que teve saída festejada com queima de fogos em outro condomínio.

Michelle Veras foi destituída do Residencial Villa dos Coqueirais, em Jaboatão dos Guararapes, após abaixo-assinado. Moradores de condomínio em Igarassu tentam retirá-la da gestão.

A retirada da síndica Michelle Veras, que já havia sido comemorada com queima de fogos (veja aqui) por moradores de um condomínio em Paulista, voltou a gerar festa, desta vez em outro prédio no Grande Recife. No Residencial Villa dos Coqueirais, no bairro de Candeias, em Jaboatão dos Guararapes, moradores abriram champanhe para celebrar a saída da gestora.

De acordo com uma moradora que preferiu não ser identificada, Michelle Veras foi destituída da função após um abaixo-assinado para a realização de uma assembleia extraordinária, antes mesmo de terminar um ano de gestão previsto no regimento interno. O condomínio é composto por sete blocos e 280 apartamentos.

“Ela [Michelle] fecha os grupos, ela não dá voz, ela só fazia assembleia online, mesmo a gente solicitando, por diversas vezes, fazer presencial. […] A última assembleia foi quando eu e outros moradores decidimos destituir porque não teve condições de ninguém falar. O povo estava extremamente revoltado. Eu não sei como uma pessoa perde o respeito por tanta gente e revolta mesmo”, disse a moradora ao g1.

Ainda de acordo com essa moradora, havia falhas na comunicação e na resolução dos problemas relatados à síndica. Entre as queixas direcionadas a Michelle, estavam:

  • falta de manutenção na piscina;
  • melhoria na estrutura do salão de festas;
  • buracos na área comum do residencial;
  • queda de uma janela na área comum do prédio.


Piscina do Residencial Villa dos Coqueirais, em Jaboatão dos Guararapes – Foto: Reprodução/G1

“Ela fala de uma forma muito hostil, muito arrogante, muito prepotente. Então, o que pesou nessa saída de Michelle foi a arrogância, foi a prepotência, foi palavras que a gente já soube: ‘eu não abaixo a cabeça para morador’, então isso tudo evidencia só confusão. […] No dia em que ela saiu, eu não sei onde acharam uma champanhe, não foram fogos”, contou.

Michelle Veras foi destituída do cargo de síndica no Residencial Villa dos Coqueirais no dia 8 de agosto. Uma semana depois, no dia 15, uma assembleia extraordinária foi realizada, e uma nova síndica foi eleita pelos moradores.

Moradores unidos

Também no Grande Recife, alguns moradores do condomínio Viva Vida Igarassu, localizado no município de mesmo nome, no bairro Cruz de Rebouças, também se uniram para solicitar a retirada da mesma síndica.

De acordo com uma moradora que não quis ser identificada, as dificuldades de comunicação relatadas pelos moradores do Residencial Villa dos Coqueirais também se repetem em Igarassu.

“Os moradores se queixam de entrar em contato e não serem respondidos. Tanto pelo número quanto pelo aplicativo da administradora. Ela retirou o livro de ocorrência da portaria, pois os moradores estavam se queixando. Mas esse é um dos meios de comunicação oficial que consta no regimento interno e só poderia ser retirado após assembleia”, afirmou a moradora.

Entre os pontos principais relatados pela moradora para solicitar o pedido de destituição de Michelle, estão:

  • os destratos com os moradores;
  • as alterações na dinâmica do condomínio;
  • a forma rude de comunicação;
  • o silenciamento dos conselheiros após fazerem pontuações e cobranças.

Moradores do condomínio, que tem 400 apartamentos e 25 blocos, começaram a reunir assinaturas para realizar uma assembleia extraordinária para destituição de Michelle. No dia da publicação desta reportagem, a síndica continuava como gestora do residencial.

O que diz a síndica

Procurada pelo g1, a síndica Michelle Veras informou, por meio de nota, que todas as situações apresentadas pelos condôminos são questões internas e estão sendo tratadas conforme as normas de cada residencial.

“São reclamações isoladas e tais pessoas estão aproveitando a reportagem recente ao meu respeito e usando a imprensa para atacar a minha imagem e a da minha empresa, não vou expor nenhum condomínio”, diz um trecho do comunicado.

Gestão de condomínio

A eleição de síndico em condomínios costuma gerar dúvidas entre os moradores. Em entrevista ao g1, o consultor condominial Roberto Fagundes explicou que, independentemente de ser um morador ou um gestor profissional contratado, como nos casos dos condomínios citados nesta reportagem, o síndico precisa ser eleito em assembleia.

“Na eleição de síndico, entram alguns mitos, principalmente quando se fala de síndico profissional, porque algumas pessoas acham que você contrata síndico […], mas o síndico, seja ele morador ou externo, ele é sempre eleito. Ele é sempre eleito seguindo os procedimentos previstos em Código Civil”, declarou Roberto Fagundes.

Ainda segundo Fagundes, a assembleia é um ato formal e solene, regulamentado pelo Código Civil. Ele também explicou que todo condomínio tem dois documentos obrigatórios: a convenção, que fala da administração e da estrutura, e o regimento interno, que trata das regras de convivência.

O consultor reforçou que a gestão do condomínio precisa ser feita com imparcialidade e foco nos interesses coletivos. Ele lembrou, ainda, que o Código Civil prevê a possibilidade de criação de um conselho fiscal, mas que o papel desse órgão não é administrar, e sim fiscalizar.

“O conselho fiscal não faz a gestão do condomínio. […] O síndico tem cinco grandes responsabilidades: previdenciária, trabalhista, ambiental, criminal e civil. Quem assume todo o risco jurídico e tem o CPF atrelado na Receita Federal do condomínio é o síndico; então, compete a ele a gestão do condomínio”, disse o consultor.

Sobre a participação dos moradores na gestão do condomínio, Fagundes explicou que eles podem solicitar informações ao síndico a qualquer momento. Além disso, podem se envolver nas assembleias, sejam elas ordinárias (única assembleia obrigatória, que prevê aprovação de contas, previsão de orçamento anual e eleição do síndico) ou extraordinárias, voltadas a temas específicos do dia a dia do condomínio.

Ele também comentou sobre a destituição do síndico a partir de uma assembleia extraordinária. “A assembleia pode ser convocada de três formas: pelo síndico, pela Justiça ou pelos condôminos. Poucos conhecem esse direito, mas, para que os proprietários possam convocar legalmente uma assembleia, é preciso reunir 1/4 das assinaturas do total”, explicou.

Por Mariane Monteiro, Taynã Olimpia*, G1


Piauí Folha

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