Celso Eder sendo preso
reprodução/TV Globo
Uma investigação do Ministério Público revelou um esquema de corrupção que movimenta bilhões de reais em créditos tributários no estado de São Paulo. O principal suspeito é Artur Gomes da Silva Neto, auditor fiscal da Secretaria da Fazenda, que teria atuado como consultor, facilitador e supervisor de fiscalização — tudo ao mesmo tempo.
Artur é apontado como o chefe de um esquema que envolvia grandes empresas, como a varejista Fast Shop e a rede de farmácias Ultrafarma.
Segundo os promotores, ele cobrava até 40% de comissão sobre os valores restituídos às empresas e garantia “risco zero de fiscalização”. Em troca, acelerava processos e liberava créditos do ICMS, imposto sobre circulação de mercadorias e serviços.
O auditor usava sua posição para orientar empresas sobre como solicitar a restituição de impostos. Depois, aprovava os próprios pedidos que ele mesmo ajudava a montar. A investigação mostra que ele dominava todas as etapas do processo, desde a consultoria até a liberação dos valores.
Entre os presos estão o diretor da Fast Shop, Mário Otávio Gomes, e o empresário Sidney Oliveira, dono da Ultrafarma. Ambos aparecem em trocas de e-mails com Artur. A Fast Shop afirma que colabora com as autoridades. Já a Ultrafarma diz que vai provar sua inocência durante o processo.
Mãe de auditor teve patrimônio multiplicado 4,8 vezes
Artur é filho de Kimio Mizukami da Silva, professora aposentada e dona da empresa Smart Tax Consultoria. A empresa, sem funcionários e sediada em Ribeirão Pires (SP), teve seu patrimônio multiplicado de R$ 411 mil para R$ 2 bilhões em apenas dois anos. Segundo os promotores, Artur era o verdadeiro dono.
O nome de Artur já apareceu em outras investigações. Em 2017, ele foi citado em uma reportagem do Fantástico como envolvido em golpes financeiros. Agora, além dele, outros fiscais da Secretaria da Fazenda entraram no foco da investigação. A pasta afirma que instaurou procedimento disciplinar e está à disposição para colaborar.
O esquema também envolve o ex-promotor Fernando Capez, que foi contratado por Artur para defender a Ultrafarma. Os honorários, segundo documentos obtidos pelo Fantástico, foram pagos pela Smart Tax: três parcelas de R$ 1,2 milhão. Capez afirma que desconhecia os fatos na época da contratação.
Além de Artur, foram presos Celso Éder Gonzaga de Araújo e sua esposa, Tatiane Lopes, suspeitos de lavagem de dinheiro. Tatiane foi transferida para prisão domiciliar. Já o diretor da Fast Shop e o dono da Ultrafarma vão responder em liberdade, mediante fiança de R$ 25 milhões.
O Ministério Público agora investiga outros clientes do auditor. Pelo menos quatro empresas estão na mira dos promotores. A operação, que já prendeu seis pessoas, pode revelar um esquema ainda maior de corrupção envolvendo servidores públicos e grandes empresários.
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Piauí Folha

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