Moradores comemoram com champanhe destituição de síndica em condomínio de Jaboatão dos Guararapes (PE)

Moradores comemoram com champanhe destituição de síndica em condomínio de Jaboatão

A gestão da síndica Michelle Veras voltou a gerar polêmica no Grande Recife e terminou em festa de moradores. Depois de ter sua saída comemorada com queima de fogos em um condomínio de Paulista, a administradora foi novamente destituída, desta vez no Residencial Villa dos Coqueirais, em Jaboatão dos Guararapes, onde condôminos abriram champanhe para celebrar o afastamento.

De acordo com uma moradora que preferiu não se identificar, a retirada ocorreu no dia 8 de agosto, após um abaixo-assinado que convocou assembleia extraordinária. A decisão aconteceu antes mesmo de a gestora completar um ano de mandato, conforme previsto no regimento interno do condomínio, que possui sete blocos e 280 apartamentos.

As críticas à gestão envolvem falhas de comunicação, dificuldade de diálogo e ausência de manutenção em áreas comuns. Entre as queixas estavam a piscina sem cuidados, buracos nas áreas comuns, problemas no salão de festas e até a queda de uma janela em área coletiva.

Segundo relatos, as assembleias eram realizadas apenas de forma online, apesar dos pedidos para que fossem presenciais.

“Ela [Michelle] fecha os grupos, ela não dá voz, ela só fazia assembleia online, mesmo a gente solicitando, por diversas vezes, fazer presencial. […] A última assembleia foi quando eu e outros moradores decidimos destituir porque não teve condições de ninguém falar. O povo estava extremamente revoltado”, relatou uma das moradoras ao g1.

O estilo de comunicação da síndica também foi apontado como fator determinante.

“Ela fala de uma forma muito hostil, muito arrogante, muito prepotente. Então, o que pesou nessa saída de Michelle foi a arrogância, foi a prepotência, foi palavras que a gente já soube: ‘eu não abaixo a cabeça para morador’, então isso tudo evidencia só confusão. […] No dia em que ela saiu, eu não sei onde acharam uma champanhe, não foram fogos”, disse outra moradora.

Após a destituição, uma assembleia extraordinária realizada em 15 de agosto elegeu uma nova síndica para assumir o cargo.


Piscina do Residencial Villa dos Coqueirais, em Jaboatão dos Guararapes – Foto: Reprodução/G1

Movimento também em Igarassu (PE)

A situação não é isolada. Em Igarassu, no condomínio Viva Vida Igarassu, com 25 blocos e 400 apartamentos, moradores iniciaram coleta de assinaturas para também convocar assembleia extraordinária visando a destituição de Michelle Veras.

De acordo com relatos, as dificuldades de comunicação se repetem, incluindo ausência de respostas via telefone ou aplicativo da administradora. Outro ponto criticado foi a retirada do livro de ocorrências da portaria, considerada irregular por estar prevista no regimento interno como meio oficial de comunicação.

“Os moradores se queixam de entrar em contato e não serem respondidos. […] Ela retirou o livro de ocorrência da portaria, pois os moradores estavam se queixando. Mas esse é um dos meios de comunicação oficial que consta no regimento interno e só poderia ser retirado após assembleia”, afirmou uma moradora ao g1.

Além disso, moradores apontaram destratos, mudanças unilaterais na rotina do residencial, silenciamento de conselheiros e comportamento considerado rude. Até a data da publicação, Michelle ainda permanecia como síndica do condomínio.

O que diz a síndica

Em nota enviada ao g1, Michelle Veras afirmou que as situações mencionadas são “questões internas” e que estão sendo tratadas de acordo com as normas de cada condomínio.

“São reclamações isoladas e tais pessoas estão aproveitando a reportagem recente ao meu respeito e usando a imprensa para atacar a minha imagem e a da minha empresa, não vou expor nenhum condomínio”, destacou.

Aspectos legais da gestão condominial

Casos como este levantam dúvidas sobre o processo de eleição e destituição de síndicos. O consultor condominial Roberto Fagundes explicou que o síndico, seja morador ou profissional contratado, precisa sempre ser eleito em assembleia, conforme prevê o Código Civil.

“Na eleição de síndico, entram alguns mitos, principalmente quando se fala de síndico profissional, porque algumas pessoas acham que você contrata síndico […], mas o síndico, seja ele morador ou externo, ele é sempre eleito. Ele é sempre eleito seguindo os procedimentos previstos em Código Civil”, afirmou.

Ele reforçou que assembleias são atos formais e solenes, regulados pelo Código Civil, e que os condomínios possuem dois documentos básicos: a convenção, que trata da estrutura administrativa, e o regimento interno, que define regras de convivência.

Fagundes destacou ainda as responsabilidades do cargo.

“O conselho fiscal não faz a gestão do condomínio. […] O síndico tem cinco grandes responsabilidades: previdenciária, trabalhista, ambiental, criminal e civil. Quem assume todo o risco jurídico e tem o CPF atrelado na Receita Federal do condomínio é o síndico; então, compete a ele a gestão do condomínio”, explicou.

O especialista lembrou que assembleias extraordinárias podem ser convocadas não apenas pelo síndico, mas também pela Justiça ou pelos próprios condôminos. Para isso, é necessário reunir assinaturas de, no mínimo, um quarto dos proprietários.

Segundo ele, a participação ativa dos moradores, tanto em assembleias ordinárias quanto extraordinárias, é essencial para garantir uma gestão equilibrada e focada nos interesses coletivos.


Piauí Folha

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