Em 2018, a escritora americana Sigrid Nunez lançou o romance O amigo, sobre uma mulher que tem de abrigar um dogue alemão em seu apartamento depois do suicídio de um amigo, dono do animal. A narrativa se constrói a partir das dificuldades práticas que a narradora enfrenta para se acostumar com o cão imenso em seu pequeno apartamento. Mas a presença do cachorro, cujo sugestivo nome é Apollo (filho de Zeus), também reflete o desafio de lidar com a finitude de seu amigo suicida, e com a própria finitude, já que Apollo não é exatamente jovem.
Traduzido no Brasil pela Editora Instante, que cuida do catálogo da autora por aqui, o livro ganhou o National Book Award, um dos mais prestigiados prêmios literários americanos, e transformou Nunez numa escritora reconhecida globalmente e traduzida em 35 idiomas. O tema da morte e do luto seria tratado também nos romances posteriores de Nunez, como Os vulneráveis e O que você está enfrentando – que foi adaptado para o cinema por Pedro Almodóvar em O quarto ao lado. “Algumas pessoas me perguntam: por que você se sente tão atraída pela mortalidade?”, ela disse à piauí. “E eu costumo falar: acho que é mais uma questão de a mortalidade estar cada vez mais atraída por mim.”
No fim de março, a adaptação cinematográfica de O amigo, estrelada por Naomi Watts e Bill Murray, estreou nos cinemas. Na edição deste mês da revista, Alejandro Chacoff conversa com a autora e a acompanha à estreia do filme e por outros lugares de Nova York, cidade onde nasceu, cresceu e vive até hoje.
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